quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Aos gritos de ‘Vale, assassina’, protesto reúne cerca de 500 pessoas em Vitória

Crime ambiental em Mariana (MG), privatização, capitalismo, poluição do ar, negligência e omissão do poder público e da mídia corporativa. Aos gritos de “Vale, assassina”, cerca de 500 pessoas marcharam na noite desta segunda-feira (16) entre a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e a portaria da mineradora Vale, no final da Praia de Camburi, em Vitória. 
 
O protesto durou mais de duas horas e contou com a participação de estudantes, professores, crianças, famílias, artistas, cicloativistas e militantes de movimentos sociais.


 
Os manifestantes saíram da Ufes com direção ao Bairro República às 18h45, pela ladeira da maternidade Santa Úrsula. Ao atravessarem a avenida Fernando Ferrari, o trânsito foi impedido nos dois sentidos por poucos minutos. Com os olhares voltados para os motoristas, repetiam os gritos de ordem do movimento. 
 
 
“Não, não, não, não foi acidente, a Vale matou rio, matou bicho e matou gente"; Não é mole não, terrorismo no Brasil é a mineração”; “A mídia maquiou, a mídia encobriu, e pouco se falou da tragédia no Brasil”; “O lucro vale mais que a vida, capitalismo, sistema suicida”; “Mineração, privatizada, tragédia anunciada”; “Morre peixe, morre gente, e aSamarco continua negligente”; “Quero a verdade, é surreal, morreu mais gente do que passa no jornal”.
 


No percurso, caixões simbolizavam o enterro do Rio Doce. Havia, também, personagens fantasiados de “morte”. Um carregava os nomes da Samarco e de suas acionistas Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, outros – pai e filhos - usavam a máscara em alusão à poluição do ar. A cena se completava com pessoas carregando cruzes. Em uma delas, as palavras arsênio, ferro e mercúrio, em referência à contaminação da água pelos rejeitos das barragens da Samarco/Vale rompidas em Mariana. 
 
Nos cartazes, mais protestos: “Vale do rio morto”; “lama tóxica”, “A vida era um doce”; “Não foi acidente”; “Quanto Vale a vida?”, “Fora Vale e ArcelorMittal”
 
 
E mais gritos de ordem: “Não deixe o rio morrer, não deixe o rio acabar, o rio estão cheio de lama, a Vale vai ter que pagar”; “Vale inimiga do povo brasileiro, império do dinheiro”; e Treme, treme, treme, vamos devolver a lama, o pó preto e o querosene”; "Se o povo se unir, a Vale vai cair...vai cair, vai cair..."
 
O trajeto seguiu pela Avenida Adalberto Simão Nader até chegar à Avenida DanteMichelini, quando os manifestantes convocaram as pessoas que se exercitavam no calçadão de Camburi a aderirem ao movimento. Muita gente parou para ver o protesto, alguns se juntaram ao ato, buzinas de apoio.



Próximo ao Hotel Canto do Sol, em Camburi, o primeiro momento de tensão. Um motociclista agrediu verbalmente uma mulher do protesto. Ele forçava a passagem entre os manifestantes. O carro da Polícia Militar, que estava ao lado e escoltava o ato desde aUfes, nada fez. A reação veio dos militantes, que formaram um cordão humano e se sentaram ao chão da avenida. 
 
À medida que foi se aproximando da entrada da Vale, os gritos de protestos passaram a ecoar com mais força. Os manifestantes mancharam a placa de “Bem-vindo” de lama, depois a entrada da empresa, em paredes, vidros e teto. Junto com a lama, escreveram palavras de protestos: “Assassina”, “Vale nada” e “Vale da Morte”. Alguns chegaram a pular as catracas, mas logo retornaram. Velas acesas foram colocadas nos canteiros. Cartazes foram fixados. Mais lama.

 
Um cinegrafista da Rede Gazeta, afiliada da Rede Globo, foi expulso do local pelos manifestantes. “Mídia fascista e sensacionalista”... “vai cair, vai cair, A Gazeta vai cair”.
 
Em certo momento, um pequeno grupo se exaltou e quebrou os vidros da entrada da Vale. “Deixa passar, a revolta popular”. A ação foi definida pela Mídia Ninja (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação) como uma resposta direta "ao assassinato de pessoas, bichos e do sagrado Rio Doce".

 
Na parte interna da empresa, uma fileira de funcionários. Na externa, três carros da PM assistiam, sem qualquer tentativa de intervenção. De longe, porém, filmavam as pessoas.

 

Às 21h30, os manifestantes deixaram a Vale. A polícia seguiu atrás. Era o fim do terceiro ato contra a mineradora no Espírito Santo. Mas não sem antes avisarem: “Se a Vale não pagar, Vitória vai parar”.

PF prende senador Delcídio do Amaral (PT), suspeito de atrapalhar Lava Jato

Esta é a 1ª vez que um senador é preso no exercício do mandato.© Foto: Agência Senado Esta é a 1ª vez que um senador é preso no exercício do mandato.
O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a Polícia Federal a deflagrar uma operação nesta quarta-feira, 25, que levou a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), líder do governo no Senado, investigado pela Operação Lava Jato. O parlamentar teria sido flagrado na tentativa de prejudicar as investigações contra ele, em uma tentativa de destruir provas contra ele.
Também foram presos o banqueiro André Esteves, presidente do BTG Pactual, e Diogo Ferreira, chefe de gabinete do Delcidio do Amaral.
Esta é a primeira vez que um senador com mandato em exercício é preso. A PF também fez busca e apreensão no gabinete do petista, no Senado, em Brasília, e nos estados do Rio, de São Paulo e de Mato Grosso do Sul.
A prisão de Delcídio é resultado de uma operação deflagrada hoje pela Polícia Federal, que também tem como alvo empresários. As ações foram autorizadas pelo Supremo. Não se trata de uma fase da Lava Jato tocada em Curitiba, na 1ª instância.
O senador foi preso no hotel Golden Tulip, onde mora em Brasília, mesmo local onde na terça-feira, 24, a PF prende o empresário José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Delcídio do Amaral foi citado na delação do lobista Fernando Baiano, apontado pela Lava Jato como operador de propinas no esquema de corrupção instalado na Petrobrás entre 2004 e 2014. Fernando Baiano disse que Delcídio do Amaral teria recebido US$ 1,5 milhão em espécie na operação de compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
O Estado apurou que pela amanhã que o ministro Teori Zavascki convocou uma reunião extraordinária da Turma dedicada à Lava Jato. A reunião da Corte será reservada, que é algo raro.
De acordo com fonte no tribunal, a sessão foi marcada pelo presidente da Turma, ministro Dias Toffoli, a pedido do ministro Teori Zavascki, relator dos casos relativos ao esquema de corrupção na Petrobrás.
Zavascki informou nesta terça, 24, o presidente da Corte, ministro Ricardo Lewandowski, de que seria realizada sessão na quarta, 25, para debater uma decisão importante. O informe a Lewandowski foi feito pessoalmente pelo relator dos processos da Lava Jato na Corte e não pelo presidente da Turma, ministro Dias Toffoli, a quem cabe usualmente fazer os comunicados institucionais.
O advogado Mauricio Silva Leite, que defende o senador petista, disse que vai primeiro tomar ciência dos motivos da prisão de Delcídio, para depois se manifestar.

Delcídio ofereceu R$ 50 mil mensais para Cerveró não fazer delação, diz PGR

Valor era para Cerveró não fazer delação ou, se fizesse, não citar o senador.
Líder do governo no Senado foi preso pela PF nesta quarta em Brasília.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki informou nesta quarta-feira (25) que a Procuradoria-Geral da República relatou, em documento enviado à corte, que o líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), ofereceu R$ 50 mil mensais ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró para que ele não fechasse acordo de delação premiada ou, se o fizesse, não citar o parlamentar.
Delcídio foi preso na manhã desta quartaem Brasília pela Polícia Federal no âmbito da Operação Lava Jato, segundo os investigadores, por estar atrapalhando apurações. Além dele, também foram presos pela PF o banqueiro André Esteves, do banco BTG Pactual, e o chefe de gabiente de Delcídio, Diogo Ferreira. Há também mandado de prisão do advogado Édson Ribeiro, que defendeu Cerveró. Como ele está nos Estado Unidos, a PF pediu ao STF a inclusão do nome dele no alerta vermelho da Interpol.
Zavascki leu em sessão do tribunal o relatório da PGR que serviu de base aos pedidos de prisão. 
Segundo Zavascki, o relatório da PGR afirma que os valores prometidos a Cerveró seriam repassados à família do ex-diretor da Petrobras por meio de um contrato fictício entre o advogado Edson Ribeiro e o BTG Pactual, do banqueiro André Esteves.
A PGR teve acesso gravações realizadas por Bernardo Cerveró, filho de Nestor Cerveró, de duas reuniões recentes – realizadas nos dias 4 e 19 de novembro – com a participação de Delcídio do Amaral e André Esteves.

Segundo a Procuradoria, Delcídio também prometeu a Cerveró influir em julgamentos no STF para ajudá-lo. O senador disse que falaria com o vice-presidente da República, Michel Temer, e com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) para influenciar a Corte.
“O presente caso apresenta linha de muito maior gravidade. O parlamentar não está praticando crimes qualquer, está atentando contra a própria jurisdição do Supremo Tribunal Federal”, disse Zavascki.
Em diversos trechos, o relatório da PGR aponta tentativas de Delcídio em “embaraçar as investigações”. Fala em “atuação concreta e intensa” do senador e do banqueiro para evitar a delação premiada de Nestor Cerveró, “conduta obstrutiva” e “tentativa de interferência política em investigações judiciais”.

Procurada, a assessoria do senador informou que o advogado dele, Maurício Leite, recebeu uma ligação do Delcídio e embarcou de São Paulo para Brasília para acompanhar o caso. OG1 também procurou a Presidência da República, e aguardava resposta até a última atualização desta reportagem.

Por meio de nota, o BTG Pactual disse estar "à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários e vai colaborar com as investigações."

Fuga pelo Paraguai
A Procuradoria citou uma gravação na qual Delcídio discutiu meios de rota para Cerveró deixar o país, em caso de o STF conceder habeas corpus para o ex-diretor da Petrobras.

Na rota prevista por Delcídio, Cerveró iria, primeiro, para o Paraguai e depois viajaria para a Espanha.

Histórico
O líder do governo foi citado na Lava Jato na delação do lobista conhecido como Fernando Baiano. No depoimento, Baiano disse que Delcídio recebeu US$ 1,5 milhão de dólares de propina pela compra da refinaria.

Em outubro, Delcídio havia negado o teor da denúncia de Baiano e disse que a citação a seu nome era "lamentável".

Delcídio  também foi citado em outro contrato da Petrobras, que trata do aluguel de navios-sonda para a estatal. Segundo Baiano, houve um acordo entre Delcídio, o atual presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) e o ex-ministro Silas Rondeau, também filiado ao PMDB, para dividir entre si suborno de US$ 6 milhões.

O líder do governo havia classificado a denúncia de uma "coisa curiosa" que não tem lógica

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Nova previsão aponta para chegada de lama ao ES durante a madrugada

Serviço Geológico do Brasil informou que rejeitos devem chegar terça-feira.
Colatina, Baixo Guandu e Colatina devem ser afetadas pela lama.

Viviane MachadoDo G1 ES, em Colatina
Os rejeitos do rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais, devem chegar ao Espírito Santo, na madrugada desta terça-feira (10). Uma nova previsão do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) mostra o adiamento da chegada da lama ao estado, que estava prevista para chegar anteriormente na tarde desta segunda-feira (9).
As cidades se preparam para a chegada da lama. Em Linhares, a foz do Rio Doce começou a ser aberta, na manhã desta segunda, no distrito de Regência. Além de Linhares, Baixo Guandu e Colatina vão ser afetados.
De acordo com o CPRM, as mudanças acontecem porque a lama possui velocidades diferentes dependendo das condições que encontra nos diversos trechos do Rio Doce. Nesta segunda-feira, ela deve chegar aos municípios mineiros de Conselheiro Pena, Resplendor e Aimorés.
Em Colatina, os rejeitos têm previsão de chegada ao longo da terça-feira. Já emLinhares, na quarta-feira (11). O monitoramento é feito 24 horas e a estimativa é feita a partir da velocidade da lama.

Assim que os rejeitos chegarem aos municípios capixabas de Baixo Guandu e Colatina o abastecimento de água será interrompido. Representantes do governo do estado e prefeitos dos dois municípios têm realizado reuniões constantes para planejar e executar ações.
De acordo com o secretário estadual de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano, João Coser, uma estrutura foi montada para auxiliar os municípios. 
"A nossa equipe está identificando lagoas e rios aqui perto e já temos alguns pontos para captação de água bruta para Colatina e Baixo Guandu. Estamos monitorando estruturas com os caminhões para que essa água chegue até as estações de tratamento. Ao mesmo tempo, a cidade de Linhares ofertou água tratada em uma proporção bastante significativa para cá", afirmou.

Coser ainda explicou que já foram conseguidos cerca de 30 carros-pipa para transportar a água. "Neste momento, nós já temos 16 carros-pipa com condições de buscar água tratada em Linhares e a mesma quantidade para buscar a água bruta em alguns pontos. A água bruta é mais próxima e ela chega na estação e vai ser distribuída por toda a população".
Reunião acontece em Colatina, no Espírito Santo (Foto: Mayara Mello/ TV Gazeta)Reunião em Colatina, no Espírito Santo
(Foto: Mayara Mello/ TV Gazeta)
Colatina
De acordo com o prefeito de Colatina, Leonardo Deptulski, as equipes que vão realizar o transporte estiveram no local de captação e já acertaram a parte operacional. “Acho que vai ser possível manter entre 20% e 30% do que a gente trata normalmente quando capta no Rio Doce”, disse.

Ainda não há uma previsão do tempo que o município de Colatina vai ter o abastecimento suspenso. “A primeira cidade que passou por isso foi Governador Valadares e nós ainda não sabemos o que aconteceu. Em Ipatinga, onde houve análise, a qualidade da água piorou. Se essa tendência se confirmar, vamos ficar entre 24 e 48 horas com o risco de não tratar”, destacou o prefeito.

O prefeito explicou ainda que o abastecimento no município será interrompido quatro horas antes da chegada dos rejeitos. "Nós vamos torcer para que ela dure o menor tempo possível. Ele vai ser interrompido algumas horas antes. Nós vamos continuar tratando até lá", completou. Oabastecimento de água tratada de Colatina vai ser fornecido pelo município de Linhares.
Defesa Civil retira comunidades ribeirinhas do Rio Doce, no Espírito Santo (Foto: Divulgação/Defesa Civil)Defesa Civil retira comunidades ribeirinhas do Rio Doce, no Espírito Santo (Foto: Divulgação/Defesa Civil)
Baixo Guandu
O prefeito do município de Baixo Guandu, no Noroeste do Espírito Santo, Neto Barros (PC do B), informou que vai acionar judicialmente a mineradora Samarco, empresa responsável pelas barragens que se romperam em Mariana, Minas Gerais. Barros quer que a empresa seja responsabilizada pelas consequências causadas pelo rompimento.
"A cidade vive um clima ruim. Precisamos responsabilizar a empresa e vamos acioná-los na Justiça para que eles reparem os danos que estão causando. Pescadores profissionais vão ter prejuízo e toda população será afetada", disse o prefeito à Rádio CBN, lembrando também dos danos ambientais causados pela lama.
Foz do Rio Doce, no Espírito Santo (Foto: Kaio Henrique/TV Gazeta)Foz do Rio Doce, no Espírito Santo
(Foto: Kaio Henrique/TV Gazeta)
Aulas suspensas
Por causa das dificuldades no abastecimento de água nos municípios de Baixo Guandu e Colatina, a Secretaria de Estado da Educação (Sedu) suspendeu as aulas em 12 escolas estaduais, a partir desta segunda-feira (9).
Das 16 escolas dos municípios, somente quatro terão as atividades mantidas, pois o abastecimento de água não é realizado pelo Rio Doce. As quatro escolas são: EEEM Rodrigo Cesar Proeschodt e EEEM Maria Helena Stein Merlo, de Baixo Guandu, e ECOR de Colatina e EEEM Antônio Eugênio Rosa, de Colatina.
As escolas municipais de Colatina também estão com aulas suspensas a partir da terça-feira. As faculdades particulares Fundação Castelo Branco e Unesc de Colatina também suspenderam as atividades durante o período de passagem da lama. 

Doação de água
Por conta da suspensão do abastecimento de água em Baixo Guandu e Colatina em decorrência da onda de rejeitos das barragens de Mariana, em Minas Gerais, o governo do Espírito Santo anunciou neste domingo (8) uma campanha de doação de água mineral para auxiliar os moradores das cidades que serão afetadas.

As doações deverão ser feitas a partir desta segunda-feira (9) diretamente no quartel do Corpo de Bombeiros Militar, situado na rua tenente Mário Francisco de Brito, na Enseada do Suá, em Vitória.

As empresas que quiserem ajudar com carros-pipa devem entrar em contato com a Defesa Civil, pelo telefone 9 9904-5736.

Comunidades ribeirinhas
A Defesa Civil realizou, neste domingo (8), uma ação para retirar pescadores, banhistas e moradores das comunidades próximas ao Rio Doce, em Baixo Guandu e Colatina.
Segundo a Defesa Civil, a prioridade é resguardar a população que pode sofrer com o aumento da vazão do Rio Doce. O órgão atua ainda no monitoramento e em ações para a chegada da onda de rejeitos.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Foram resgatadas 500 pessoas no deslizamento em Mariana, dizem bombeiros

Moradores relatam cenas de horror na hora do acidente.© Foto: Corpo de Bombeiros de MG Moradores relatam cenas de horror na hora do acidente.
A sala de apoio do Batalhão de Operações Aéreas de Corpo de Bombeiros de Minas Gerais informou que cerca de 500 pessoas já saíram ou foram resgatadas de Bento Rodrigues, distrito de Mariana, em Minas Gerais, atingido por dejetos de mineração depois de rompimento de barragem da empresa Samarco. O distrito tem aproximadamente 600 moradores.
Conforme os bombeiros, seis helicópteros trabalham neste momento no resgate de pessoas ilhadas e transporte de bombeiros. Um outro helicóptero está sendo usado para transporte de autoridades e técnicos de engenharia e meio ambiente para vistoria da área.
O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais tem a confirmação de uma pessoa morta e quatro feridas - dois adultos e duas crianças - no estouro das barragens da mineradora Samarco, no distrito de Bento Rodrigues, na cidade de Mariana. A corporação segue em busca de feridos e, desde a madrugada, resgatam pessoas que passam por um "processo de descontaminação por ferro" e estão "sendo encaminhadas para recurso hospitalar".
Há duas frentes de trabalho neste momento, de acordo com informações da Prefeitura de Mariana. Em uma delas, os bombeiros trabalham em busca de sobreviventes e desaparecidos; na outra, são recebidos desabrigados, vítimas e doações. Ainda segundo a prefeitura, o prefeito Duarte Junior (PPS) deve convocar uma entrevista coletiva para as próximas horas.
Resgatados
Desalojados pelo mar de lama que tomou o distrito, os moradores relatam cenas de horror na hora do acidente. "Um caminhão passou buzinando feito louco, avisando que a barragem rompeu. Ele foi parando e gritando: 'Pula! Pula!'. As pessoas foram se jogando na caçamba, uma sobre as outras", conta a dona de casa Rosa Helena da Silva, de 46 anos, uma das vítimas abrigadas no ginásio poliesportivo da cidade. "No final, o caminhão nem estava mais parando para o pessoal entrar."
Segundo Rosa, quando o grupo chegou a Santa Rita, um vilarejo vizinho, cerca de 60 pessoas estavam no caminhão. "Não teve aviso, não teve nada, só esse caminhão que passou buzinando. Muita gente ouviu os gritos do caminhoneiro, mas não entendeu ou não acreditou e ficou", diz.
A dona de casa relata ter visto crianças vomitando por causa da lama com resíduos da mineradora. "Um homem estava com as duas pernas quebradas", afirma. Os desabrigados também recebem donativos no ginásio.
"Meu filho estava de carro e nos levou até a igreja. Não sobrou nada de nossa casa", conta a dona de casa Dirce Breta Sobrera, de 73 anos. Com um pé enfaixado, ainda atônita, ela diz que não sabe como se machucou. "Foi na correria.