Evandro Silva, preso em Guarulhos, alega ter sido sufocado com saco.
Ele respondeu por escrito perguntas do G1; Polícia Civil nega agressão.

saiba mais
“À noite me levarão [SIC] pros [SIC] fundos, meteram um saco plástico na minha cabeça, enrolaram com fita crepe e me disseram que eu tinha que acusa [SIC] o Mizael, que não pegava nada para mim. Eu ainda resisti um pouco, cheguei a dismaia [SIC], jogarão [SIC] água na minha cara, me puzero [SIC] de novo o saco plástico e disserrão [SIC] que quando eu quizesse [SIC] falar, era para eu bater o pé, não aguentei!”, escreveu Evandro ao responder a pergunta feita pela reportagem sobre o motivo que o levou a declarar que não tinha participado do homicídio e depois mudar a versão. Apesar disso, ele não informa quem seriam os seus supostos torturadores.
As polícias civis de Sergipe e de São Paulo negam qualquer tortura praticada contra Evandro. Considerado cúmplice de Mizael e indiciado juntamente com o ex por envolvimento no crime, o vigia havia sido preso em 9 de julho no interior de Sergipe. Lá, ele negou saber da morte de Mércia aos policiais sergipanos. Depois, na presença da polícia paulista, passou a dizer que Mizael matou a ex por ciúmes numa represa em Nazaré Paulista, interior de São Paulo, em 23 de maio. O vigilante também contou em depoimento ter ajudado o criminoso na fuga, ao dar carona para ele.
Para confirmar as informações prestadas acima por Evandro, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) filmou e gravou as declarações do segurança, que não aparentava sinais de agressão e falava tranquilamente com o delegado Antonio de Olim. Outras testemunhas também estavam presentes.
'Confessaria qualquer coisa'
Apesar disso, Evandro voltou atrás mais uma vez a respeito do que falou à polícia. Em um questionário enviado na sexta-feira (16) ao segurança pelo G1, por meio de seu advogado José Carlos da Silva, ele escreveu que mentiu ao dizer que foi seu “ex-patrão” que matou a advogada. “É mentira. O meu depoimento certo foi o primeiro, que dei em Canindé [de São Francisco, a 200 km da capital Aracaju],e na frente da imprensa. Depois, eu fui pressionado de um jeito que confessaria qualquer coisa”, alegou o vigia, que respondeu de próprio punho a 17 perguntas feitas pela reportagem em duas folhas de papel.
Para comprovar a veracidade das informações serem mesmo de Evandro, policiais disseram à reportagem que a letra nas folhas é parecida com a do vigilante. O G1 também comparou a assinatura na carta com a que o vigilante deixou nos depoimentos oficiais e verificou que há semelhança entre elas.
Evandro respondeu ao questionário de dentro da carceragem do 1º Distrito Policial, em Guarulhos, na Grande São Paulo. Lá, ele escreveu que aceitou “responder essas perguntas com minha própria letra porque não aguento mais ficar esperando o juiz me chamar para eu falar a verdade e esplica [SIC] que fui forçado a falar mentira”.
De acordo com o advogado de Evandro, as autoridades têm de apurar as denúncias feitas pelo segurança. “Também devo entrar com um pedido de habeas corpus contra a prisão de meu cliente”, afirmou o defensor José Carlos da Silva.
O crimeMércia foi vista pela última vez na casa dos seus avós, em Guarulhos, na Grande São Paulo, em 23 de maio. O carro da advogada foi localizado submerso no dia 10 de junho em uma represa em Nazaré Paulista, após denúncia feita por um pescador que viu o carro entrar na água. No dia seguinte, o corpo da mulher foi encontrado no mesmo local.
Mizael chegou a ter a prisão temporária decretada, mas ela foi revogada pela Justiça, que também negou pedido de prisão preventiva para o ex. O advogado também nega o crime.
O DHPP pretende ouvir Mizael e Evandro novamente e fazer uma acareação entre os dois, provavelmente na terça-feira (20).

Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário e muito importante para nos.