Colônia prisional foi desativada em 1980 e virou ‘conjunto habitacional’.
Complexo tem 16 pavilhões e abriga em suas celas cerca de 500 famílias.
Encravada no meio de canaviais, a Colônia de Santa Fé foi desativada no começo da década de 1980 e acabou virando uma espécie de favela atrás das grades. Pelos 16 pavilhões, amontoam-se homens, mulheres, crianças, jovens e idosos. Os moradores mais antigos chegaram ao lugar pouco depois da enxurrada de 1989. São famílias que criaram filhos nas celas, que, uma vez crescidos, casados e sem moradia, mudaram-se para a cela ao lado com os filhos.
Esse é o caso da dona de casa Maria Simone, 24 anos, que nasceu no lugar, casou, teve filhos e não pretende mais deixar o antigo presídio. “Fui criada aqui e não vou sair daqui nunca. Tem tudo aqui, tem água, luz. É muito bom. Virou conjunto habitacional”, afirma Maria.
A enchente que destruiu centenas de casas em junho deste ano também contribuiu para que novos moradores chegassem. Dona Getúlia da Silva Nunes, 47 anos, ficou apenas com a roupa do corpo depois que o Rio Mundaú destruiu tudo em Murici (AL) e não teve outra opção a não ser se instalar no presídio. “Perdi tudo. Colchão, cama, mesa, armário, tudo. Aí tive que vir pra cá.”
Na colônia Santa Fé, as celas não têm banheiro e o esgoto corre a céu aberto na frente das portas. Crianças vão e vêm descalças e demonstram a intimidade de quem nasceu no lugar e dali jamais saiu. A cadeia que virou conjunto habitacional é conhecida entre os moradores de União dos Palmares simplesmente por “pavilhão”. Uma estrada quase intransitável nos dias de chuva faz a ligação do lugar com a BR-104, que corta a região, e o percurso até o centro da cidade pode ser feito em menos de 20 minutos.

Dona Maria do Carmo, 61 anos, chegou ao presídio em 1989, depois da enxurrada em União dos Palmares. “Vivo aqui com Deus. Com a fé que tenho em Deus. Mas eu quero uma casa e ainda luto para ter uma casa fora daqui.”
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